Recém Nascido
Este é um termo que nós, pediatras, utilizamos para definimos o tempo do bebê, desde quando ele nasce até quando completa 28 dias de vida. Isto foi criado pois esta é uma fase de grande vulnerabilidade à saúde infantil. Assim, seria possível estudar tudo o que envolvia os primeiros dias do bebê, entender as causas da mortalidade desse período e ainda, como intervir com estratégias eficazes a fim de diminuir estes números. Índices de saúde, de desenvolvimento social e econômico e condições de vida de um país podem ser avaliados através do estudo das taxas de mortalidade infantil.
É uma teoria embasada numa analogia com a vida do canguru. A gestação de um bebê canguru tem duração de somente 30 a 39 dias e após este período, o bebê escala a barriga da mamãe canguru até a bolsa (marsúpio) onde completa seu desenvolvimento e podem permanecer lá até quase completarem um ano. Acredita-se que os 3 primeiros meses de vida de um bebezinho é na verdade, o 4º trimestre da gravidez. Uma fase marcada por dificuldades de adaptação de um bebê que passou 40 semanas no escuro total, temperatura de 36-36,5 graus e vem para temperatura média de 25 graus a depender da região que se vive, estímulos táteis, sonoros e luminosos a todo momento. Esta teoria defende que o bebê sai do útero para alojar-se no meio de peito, ou seja, para o colo de sua mãe.
Existem diversos tipos de doenças que podem acometer um bebê que acabou de nascer, desde doenças hereditárias ou genéticas como adquiridas após o nascimento. Uma delas, não tão incomum é a taquipneia transitória (TT) do recém-nascido: taquipneia significa respiração mais rápida que o esperado para tal momento. É um distúrbio temporário, por isso chamado de transitória, que deve melhorar em 2 a 3 dias, e por vezes o bebê pode precisar de suporte de oxigênio. Bebês prematuros são os mais acometidos, mas também aqueles que nascem no tempo certo, principalmente se o parto for uma cesárea programada, ou seja, sem que haja o trabalho de parto, podem apresentar a TT. O que acontece é que o líquido que preenchia os pulmões antes do nascimento não foi eliminado logo após o nascimento do bebê e assim os pulmões não foram preenchidos de ar para que o recém-nascido pudesse respirar normalmente.
Por exemplo, passando pelo canal do parto, o pulmão é espremido e parte deste líquido sai. Além disso, durante o trabalho de parto, alguns hormônios são liberados e fazem as células do pulmão absorverem outra parte daquele líquido. A permanência deste líquido atrapalha as trocas de gases de devem acontecer no pulmão, causando esta dificuldade para respirar. Outra doença comum neste período é a icterícia do recém-nascido que é quando o bebê fica com a pele e/ou olhos mais amarelos e isso acontece por um aumento da bilirrubina no sangue, que deve se resolver em uma a duas semanas (icterícia fisiológica). Apesar de seu tratamento simples (fototerapia) existe uma consequência muito séria e grave chamada querníctero que é quando essa bilirrubina acumula no cérebro do bebê, por isso a avaliação e acompanhamento pelo pediatra é tão essencial. Algumas alterações anatômicas também podem acontecer como o lábio leporino, também conhecido como fenda labial ou fenda lábio-palatal. O que ocorre é um fechamento incompleto do lábio ou do lábio e palato (céu da boca) quando o bebê ainda está dentro do útero da mamãe. O tratamento é por cirurgia e deve ser feito por cirurgiões experientes, entretanto, a pediatra, mais uma vez, será muito importante, pois este bebê precisará aprender a sugar o seio materno de modo eficaz antes mesmo da cirurgia. A cranioestenose é outro distúrbio, mas que acontece no bebê com 3 ou 4 meses de vida. É o fechamento prematuro da fontanela (também chamada moleira), um espaço que existe entre os ossos da cabecinha do bebê e serve para diminuir o tamanho daquele crânio que deve passar pelo canal vaginal. Este fechamento deveria acontecer por volta de 1 ano e meio de vida, mas como ocorre antes, o cérebro do bebê não tem espaço para crescer e se desenvolver como esperado. A pediatra deve sempre palpar a cabecinha do seu neném durante as consultas, avaliando o tamanho da fontanela e caso suspeite de cranioestenose, exames de imagem deverão ser solicitados para que o tratamento cirúrgico seja proposto. Ainda existem outras afecções do recém-nascido e por isso, busque sempre informações com sua médica, ok?
Os cuidados com o cordão umbilical são importantes para sua correta cicatrização além de evitar sangramentos e infecções. Antes de mais nada, lave suas mãos com sabonete e higienize com álcool gel a 70%. Caso haja qualquer secreção, retire com haste flexível (cotonete). Umideça a haste flexível com álcool líquido a 70% e limpe a base do coto com movimentos circulares e depois limpe o restante do coto umbilical com algodão embebido em álcool a 70%.
O coto umbilical deverá cair por volta do 4º ao 8º dia de vida, podendo estender-se até 14 dias. Deve ser limpo a cada troca de fraldas e após o banho para manter a área livre de urina e fezes. Após a queda do coto, limpar o local por mais duas semanas, até a cicatrização total da área.
ATENÇÃO: O coto umbilical deve ficar exposto a fim de evitar irritação e umidade que podem retardar o processo de mumificação. Limpar o coto umbilical não dói.
Muitos são os benefícios do aleitamento materno. Quando um bebê é alimentado com o leite que a mãe produz, ele recebe anticorpos da mãe que o protegem de possíveis doenças como diarreia, obesidade e infecções respiratórias além de ser importante para o desenvolvimento do rosto, mandíbula, maxila e toda a parte da face do bebê. É uma forma de alimentação sustentável, ou seja, não precisa esquentar, lavar nenhum utensílio e está sempre pronto e livre de contaminação. Além disso, é de graça e também traz muitos benefícios para a mãe, como diminuição do sangramento pós-parto e prevenção de câncer de mama, ovário e útero.
A orientação é que a amamentação deve ser exclusiva até os 6 primeiros meses de vida da criança, e que deva ser ofertada até os 2 anos de vida. AMAMENTAÇÃO NÃO É FÁCIL!!! Tem técnica e dispende treinamento.
Dicas para pega correta:
- bebê voltado para a mãe, barriga com barriga, braços livres e completamente apoiado;
- cabeça do bebê voltada para a mama, com o nariz logo acima do mamilo;
- antes de sugar o bebê deve estar com a boca bem aberta, para abocanhar o máximo da aréola possível;
- o queixo deve encostar na mama, os lábios evertidos (virados para fora);
- lembre-se que existem bebês que mamam rápido e outros devagar, importante é estimular;
- leite materno nunca é fraco;
- chupetas, bicos e mamadeiras podem atrapalhar a amamentação;
- se está sentindo dor, a pega está errada, PROCURE SEU PEDIATRA!
“Amamentar é muito mais que alimentar um bebê”. O leite materno pode e deve ser o primeiro contato de um ser humano com a comida de verdade, mas colocar no colo, toque pele a pele, contato visual “olho no olho”, sentir o cheiro, batidas do coração, cercar de afeto e amor... amamentar é especial e vale a pena.
A orientação é que o peito seja oferecido em livre demanda, ou seja, sempre que o bebê quiser ou a mamãe quiser, pois às vezes, o peito está muito cheio e é necessário esvaziar. Uma dica neste momento é ordenhar o leite, caso o neném esteja dormindo e estocar este leitinho. O LEITE PODE FICAR NA GELADEIRA POR 12 HORAS E NO CONGELADOR POR ATÉ 15 DIAS. Lembre-se de fazer tudo com o máximo de proteção e higiene possível, evitando falar durante a ordenha (gotículas de saliva podem cair no leite), lavar as mãos com sabonete e higienizar com álcool gel a 70% previamente. O recipiente para armazenar o leite deve ser lavado e fervido por 15 minutos (não utilizar recipientes com tampa de metal) além de identificar o pote com data da coleta.
São poucas as contraindicações do aleitamento materno, como por exemplo, mães infectadas pelo vírus HIV, HTLV1 e HTLV2, mães em tratamento quimioterápico ou usuárias de álcool ou drogas como maconha, cocaína, crack, anfetamina, ecstasy etc. Alguns destes casos recomenda-se somente a interrupção temporária da amamentação, e para isso é importante a orientação e acompanhamento médicos para manter a produção de leite e garantir o retorno da criança ao peito após a interrupção.
Uma criança não deve ser amamentada por outra mulher que não a mãe, mesmo que essa mulher seja da família ou conhecida, por causa do risco de transmissão de doenças pelo leite, como o vírus HIV. Chamamos de amamentação cruzada quando uma mulher amamenta o filho de outra mulher.
O tempo de gestação de um bebê humano pode variar entre 37 a 42 semanas. A criança que nasceu antes de completar 37 semanas de gestação, é chamada de prematura, ou pré-termo. Aquele que nasce entre 36 e 37 semanas é chamado de prematuro limítrofe e tem poucas repercussões; prematuro moderado é a criança nascida entre 31 e 36 semanas que já necessidade e mais cuidados e exames e o prematuro extremo, com maiores riscos de prejuízo de sua saúde e desenvolvimento, são os nascidos entre 24 e 30 semanas de idade gestacional.
Não existe um peso único correto para o nascimento. O que acontece é que 95% dos recém-nascidos nascem com o peso que varia entre 2,5 e 4,5 kg.
Da mesma maneira, não existe um tamanho único correto para o nascimento. A média de tamanho dos bebês ao nascimento varia 46 e 53 cm.
É normal um bebê recém-nascido evacuar 10 vezes num mesmo dia, bem como evacuar uma única vez. Inclusive, bebês que são alimentados somente ao seio materno podem evacuar após cada mamada. Importante é o bebê estar ganhando peso adequadamente, mamando bem e não apresentar outros sintomas como febre, dor abdominal ou presença de sangue nas fezes.
Sim. Infelizmente existem casos de tumores que nascem com a criança e alguns até são descobertos durante a gestação. Alguns exemplos são teratomas e neuroblastoma. Entretanto, é bom lembrar que o câncer infantil é uma doença rara e que deve ser tratada por médico especialista.